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Filosofia Eclética

Filosofia Eclética

Filme O Enfermeiro da noite – arte e realidade

 

 

 

 

 

Baseado em fatos reais, o filme o Enfermeiro da Noite, em original A boa enfermeira, baseado em um livro ainda de mesmo nome, de modo que conta a história de serial killer, Charles Cullen, que teria sido acusado no filme de matar com insulina, quando colocada em soro, das pessoas internadas em UTI. Mas na verdade o filme conta a história da enfermeira, bondosa e dedicada, Amy, que conhece o enfermeiro macabro. Ela cuida das filhas pequenas e tem mais um problema além do monstro em seu emprego: seu coração precisa de transplante e ela já está desenganada por médico, esperando a morte. O filme mostra esse e outros dramas para desafiar o espectador, que fica também de coração na mão, esperando que o enfermeiro seja descoberto e pessoas salvas.

 

 

 

 

O enfermeiro parece de início ser boa pessoa, ajudando Amy nas coisas do hospital, além de prometer que ela teria tratamento em seu coração. Os pacientes acabam tendo óbitos estranhos e policiais começam a investigar. O enfermeiro da noite até parere um dos suspeitos, mas disse não estar na hora que um paciente havia entrado em óbito. Mas ele começa com histórias estranhas e ter amizade com Amy, cuidando de suas filhas e frequentando a casa. No mais o filme ganha tensão quando ela desconfia e descobre do passado sombrio do enfermeiro amigo, o que lhe rende mais tensão. Ele teria sido sacado e também teria filhos, mas havia se separado por maltratar a esposa e seus animais. Sabendo que ele teria passado por outros nove hospitais, com fofocas que teria sido ligado a óbitos não naturais, e com insulina em pessoas que não necessitavam, o enfermeiro da noite gerava mais suspeita. O filme retrata em parte a história real, mas noutra há detalhes que faltam. Charles teria mesmo perdido a mãe em um acidente, e não podendo ver o corpo, mas também seu pai teria morrido. Outro fato que o filme parece levar a dúvida é se ele mesmo teria filhos, ou inventava, e mesmo a ex esposa. Era real, ele foi casado mesmo, e com filhos. Outro passado que não contaram no filme, era que ele tentou se suicidar muitas vezes, e que serviu na marinha, e por lá teve sete tentativas do ato. Também os encontros com a supervisão da polícia ocorreram, para que ele conversasse e revelasse algo a amiga.

 

 

 

 

 

 

O filme não entra em detalhes sobre pormenores das mortes, nem retrata muito a família das vítimas, mostrando mais uma ou outra. Charles teria dito que matava as pessoas para não as ver sofrer. A desculpa do serial killer é afastar a sua responsabilidade. Ele por fim confessa os crimes, com a condição de não sofrer a pena de morte. Assim acaba em prisão perpétua. Um fato também é o número de confissões, que ele fez foi na realidade quarenta pessoas internadas, enquanto o filme mostra número menor. Mas se espera que ele tenha matado 300 pessoas, nos hospitais que teria passado. Também ele dava doses excessivas de remédios, como de hipertensão e outros. O mais cruel é saber que os hospitais por onde passou não denunciaram antes, e que ele arrumava sempre emprego e conseguia de forma ardilosa cumprir os seus planos macabros. O enfermeiro da noite foi tristemente algo real.

Mariano Soltys, advogado e filósofo

Tema de redação do ENEM

 



 

O tema da redação do ENEM desse ano foi em relação a estigma das doenças mentais na sociedade brasileira. Esse tema demonstra grande relevância, uma vez o aumento de depressão nesse ano de vírus e quarentena. Também outros transtornos poderiam ser citados, bem como a situação da psicologia e psiquiatria. O aluno poderia trabalhar de forma crítica com o assunto, usar literatura brasileira, ou trazer alguma informação de modo dissertativo, a fim de obter a nota. Um detalhe interessante é que se deve respeitar os direitos humanos para obter nota também, em critério de correção. Com a cultura cada vez menos humanista que assola os jovens, via doutrinas extremistas de internet, alguém deve ter escrito sobre o tema da doença mental de forma equivocada, haja vista essa influência, e perdido nota. O Brasil carrega ainda na literatura antiga termos como “retardado” dentre outros, o que mostra um estigma forte, e ainda há uma cultura de internação ou manicômio, o que na prática também é algo ultrapassado. A doença mental tem de conviver socialmente, se adaptar e viver plenamente, com seus direitos e possibilidades. Um pensador que poderia ser usado pelo aluno é Michel Foucault, bem como outros, entre Freud, Jung, Adler e mesmo outros que tratam do tema. Um bom autor também seria Erasmo de Rotterdam. Fato é que informação quebra o preconceito e estigma. Depressão é coisa séria, não é frescura. Síndrome do pânico não é fingimento. Esquizofrenia não é mera possessão demoníaca. Transtorno bipolar não é mero recalque. Isso se dá tanto em matéria de doenças mentais, como de qualquer coisa. A diferença e diversidade humana merecem o respeito e amor. Na redação o aluno deveria compreender esse aspecto, para depois dissertar da melhor maneira, de forma reflexiva e crítica, respeitando a democracia, a dignidade e os objetivos para se chegar a uma sociedade mais igualitária.

Mariano Soltys, filósofo e advogado

Tema da redação do ENEM e a cidadania

 

No ENEM que ocorreu no último fim de semana, observou-se o tema da redação envolvendo o registro e a invisibilidade, de modo que se relatou em sites histórias de pessoas que nunca tiveram sequer um documento, a começar pela certidão de nascimento. A redação sempre guarda peculiaridades em toda a prova, e de primeiro cuidado que deve ter o candidato, de não sair ou fugir do tema, para não zerar. A questão de inclusão, cidadania, democracia, dentre outras, mostra que escrever é necessário, para demonstrar o raciocínio, a comunicação, a compreensão, bem como competências e habilidades requeridas na formação básica mesmo, documentada na referida produção textual.

Mas vamos ao tema da redação. O candidato poderia ter falado de cidadania, de inclusão social, direitos sociais, acesso a esses direitos e muitos outros temas. A invisibilidade em não se ter documentação, faz com que as pessoas não possam acessar programas do governo, não possam ser registradas em emprego, bem como dificulta a vida social. Existe uma exclusão social, uma invisibilidade social. A Constituição Federal garante esses direitos básicos, cláusulas pétreas, imutáveis, que garantem direitos à vida, liberdade, igualdade etc. Uma pessoa pode ser prejudicada inclusive ao acesso a saúde pública, já tão restrita e em filas, o que impossibilita sua existência mesmo, digna e plena. O registro está regulado pela lei de registros públicos, e no caso de certidão de nascimento, a mesma teria de ser feita em até 15 dias após nascimento, ou no caso de local afastado, no caso 30 km do cartório, até em 90 dias. Isso demonstra que há uma chance de se registrar o recém-nascido, mesmo que se esteja no interior ou numa localidade de difícil acesso. Não feita a certidão, acaba-se por condenar essa pessoa que vem ao mundo com uma série de limitações, a mesmo uma invisibilidade frente ao governo. Frente também aos cortes e limitações que vêm sendo feitas em bolsa família, dito sem mais função, as pessoas sem a documentação ficariam ainda mais vulneráveis socialmente. Juntamente a uma série de exclusões e minorias menos favorecidas, a falta de registro colabora a se manter essa exclusão social e menor acesso aos programas governamentais de cunho social.

O ENEM teve como temas em outros anos, diversas situações singulares. Esse ano não foi apenas o único. Já teve sobre a Lei Seca, sobre publicidade infantil, violência contra a mulher, intolerância religiosa, formação de surdos, dados na Internet, democratização de cinema e outros. A redação merece muito cuidado e é um divisor de águas, em matéria de avaliação. Estar informado antes de fazer qualquer prova ajuda o candidato a obter êxito. O maior desafio é em relação a si mesmo.

Mariano Soltys,

 

 

O ENEM 2022 E SEUS TEMAS FILOSÓFICOS

 

O ENEM 2022 e seus temas filosóficos

 

 


O ENEM de 2022, que ocorreu nessa semana, foi uma prova curiosa e mais uma vez mostrou a importância das Ciências Humanas para a vida. No caso, o tema de redação também revelou a importância de povos tradicionais, que foi o tema da mesma, e assim o índio foi assunto que espantou muitos alunos, que na verdade esperavam cair o tema da pandemia na prova. Numa correção que ouvi pela rádio, o professor indicou se escrever sobre minorias e questões relacionadas, em especial com a questão indígena. Claro que muitos temas poderiam ser trabalhados, como se lembrar de Darcy Ribeiro, ou de assuntos como o marco temporal, dentre tantos.

 



 

Mas em especial, da filosofia, alguns autores clássicos apareceram, como Empédocles, o filósofo pré-socrático que entendia a origem das coisas se basearem em quatro elementos, o ar, água, fogo e terra. Também veio numa questão o filósofo romano Sêneca, que era tutor de imperador Nero, e que escrevia obras no pensamento estoico, onde a indiferença faz a marca característica. Ademais, caiu a filósofa judia, Hannah Arendt, com o tema da política, das relações sociais e da linguagem. Voltando a Sêneca, ele propõe um controle das paixões, o tema que era a resposta correta, e assim as emoções são entendidas e vivenciadas estoicamente. O estoico não se preocupa com a dor, com a morte e outros eventos de sua vida, ele passa indiferente. Na questão sobre o filósofo Empédocles, o tema teve uma pegadinha, que poderia levar o candidato a responder cosmogonia, mas o correto seria cosmologia, alternativa que não existia. A resposta em Empédocles seria exaltar a investigação filosófica mesmo, segundo alguns professores. Lembrando que o gabarito oficial ainda não foi divulgado. Havia também questões curiosas sobre a Constituição e democracia, bem como sobre direitos básicos, como o da moradia. Caiu também o filósofo Merleau-Ponty, numa questão, juntamente com Deleuze, pensadores mais contemporâneos, sobre temas de pintura, artes e cinema. O olhar como experiência do conhecimento. Também caiu uma questão sobre o nascimento da filosofia na Grécia, ou melhor, em Mileto, atual Turquia, e assim leva o candidato a recordar lá das primeiras aulas que teve sobre o tema. Nessa os sofistas seria a sequência lógica e ordem histórica, uma vez que falou antes de pré-socráticos. Também Foucault caiu, com o tema da sociedade disciplinar, o que é tratado em sua obra Vigiar e Punir.

 

 


 

Fato é que a prova do ENEM 2022 manteve um bom padrão de avaliação e conhecimento, na área de ciências humanas. Claro que em outras provas já houve até mais questões sobre filosofia, mas sempre importa que o tema mantém importância. Temas como a da religião Católica também ganhou destaque, o que mostrou um foco cultural da prova aplicada. Mesmo na questão sobre a Inquisição. Fato é que a prova fez muitos alunos saírem do conforto e pensarem de forma mais crítica e reflexiva, a fim de responderem e destinarem sua busca acadêmica.

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